Quando alguém é detido permite-se-lhe guardar silêncio porque "tudo o que disser poderá ser usado contra si".
Há nessa advertência a intenção estranha de não querer fazer jogo sujo de todo.
"Caso se te escape uma afirmação que te inculpe, ou caias em contradição ou confesses abertamente, essas palavras terão o seu peso e produzirão efeito contra ti: tê-las-emos ouvido, registá-las-emos, tomaremos nota (...) e serão tua responsabilidade.
Qualquer frase que ajude a exonerar-te, em contrapartida, será ligeira e rejeitada, faremos orelhas moucas e como se nada fosse, não contará, será ar, fumo, vapor e em teu favor não produzirá efeito algum."
"O teu rosto amanhã", Javier Marías
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