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sexta-feira, julho 22, 2005


Quando escrevemos, só temos 2 alternativas, ou imitamos o que se passa conosco ou fazemos exactamente o oposto. (Creio que é uma relação semelhante à existente entre pais e filhos...)

Por isso, a liberdade de alguém escreve não é total. Tal como a liberdade humana é também feita de “sins” e “nãos”.
A escrita é modulada, forçosamente, ao “eu” que escreve, naquele segundo em que a ideia aparece ou se corrigem as palavras anteriormente escritas. É claro que um escritor pode ter obras ímpares. O “eu” que escreve vai variando, como vai variando a nossa personalidade ou vivência, o que quer que lhe chamemos.

Há pouco tempo ouvi entrevista com o Pedro Paixão, em que dizia ter diferentes “eu”, sendo o que estava a dar a entrevista o pior – o “vaidoso”, o que quer vender livros e ter prestígio.

Foi curiosa a forma como descreveu o “eu” escritor, aquele que se interpõe entre ele e o Mundo e que em todos os momentos da sua vida reflecte sobre a forma de escrever o sentimento vivido. Refiriu-se a ele como uma espécie de véu que o aprisiona, pois não o deixa apreciar plenamente o mundo.